domingo, setembro 20, 2009

Terrorismo institucional

• João Marcelino, Um silêncio suspeito (Parte II):
    As críticas que aqui fiz ao comportamento político do Presidente da República (PR) no caso das alegadas escutas de São Bento a Belém mantêm-se não só actuais como até ganharam uma outra dimensão e gravidade com a notícia publicada ontem pelo Diário de Notícias.

    A reacção de Cavaco Silva é preocupante para a democracia portuguesa.

    O PR, mais uma vez, não se demarcou da tarefa de que terá incumbido o seu assessor (que se tivesse exorbitado deveria estar já sumariamente despedido). Antes pelo contrário, afirmou, de forma clara, que vai "averiguar questões de segurança" depois das eleições.

    Estas palavras são contraditórias com a afirmação de que não pretende influenciar o período eleitoral. Além do mais, escondem uma outra hipocrisia: se o PR não queria influenciar, porque utilizou o assessor para dar uma "notícia" em vésperas das eleições?

    Um PR não se pode prestar a estes papéis. Ou tem certezas e age, com coragem; ou não tem certezas, e averigua calado. Ora Cavaco Silva não apresentou nenhuma queixa na Procuradoria, não pediu esclarecimentos ao SIS, não demitiu o Governo. De forma irresponsável, permitiu mesmo que se acendesse a fogueira da dúvida.

    Enquanto não negar responsabilidades pessoais no comportamento do seu colaborador de 20 anos, o PR é suspeito de acusar sem provas, de lançar a instabilidade no País.

    (…)

    Pessoalmente, confesso-me surpreendido. Reconheci sempre em Cavaco Silva uma autoridade moral que me parecia um importante resguardo para o Estado português - e agora não sei que pensar. Eu e, com certeza, muitos cidadãos.

2 comentários :

Anónimo disse...

Um grande momento do DN e do jornalismo em Portugal: o DN desmontou a vergonha das noticias feitas por encomenda e por cumplicidade. Não é isto uma notícia José Manuel Fernandes? Não o seria para o Público, de fosse o DN o actor desta triste comédia?

Anónimo disse...

Só Marcelo Rebelo de Sousa não sabe quem é o assessor de Belém! Marcelo também não deve ler jornais.