sexta-feira, setembro 03, 2010

Passos em falso

• Daniel Amaral, Passos em falso:
    No último comício do Pontal, Passos Coelho exigiu ao Governo duas condições para viabilizar o próximo orçamento: travar a despesa e não aumentar os impostos.

    E, à cautela, precisou a linguagem: cortar nas deduções fiscais é aumentar impostos. Achei pouco. Então o PSD aceita despedir funcionários, baixar salários e diminuir pensões? Se for assim...

    Já fiz aqui as contas. Para que o défice de 7,3% do PIB em 2010 caia para 4,6% do PIB em 2011 são necessários cerca de três mil milhões de euros. E os salários, as prestações sociais e os juros da dívida "comem" só por si 75% das despesas totais. Manda o bom senso que sejamos realistas. O cumprimento daquele défice em 2011, hoje um imperativo nacional, tem de passar por uma de duas vias: aumento de impostos e/ou diminuição do Estado social.

    (…)

    A responsabilidade maior neste caso vai para o PSD. Não que ele seja diferente dos outros, mas porque é a única oposição que aspira a ser governo. Mas o PSD de Passos continua a dar passos em falso. Vai ao bornal da demagogia e atira para o ar as bocas de que os papalvos gostam: "exigimos cortar na despesa!". E que tal uma proposta concreta sobre as rubricas e os montantes onde aqueles três mil milhões devem ser cortados?

    Em artigo anterior sobre o tema, pressupondo um mínimo de coerência política, admiti nesta coluna que o país poderia estar à beira de uma tragédia, já que o próximo orçamento iria ser chumbado. Mudei de ideias. Hoje admito que, na hora da verdade, o PSD vai fazer um discurso inflamado, vai dizer que este é o pior Governo que já tivemos, vai chamar a Sócrates todos os nomes feios de que se lembrar - e depois abstém-se, para que o orçamento passe.

    Os fracos são assim.

2 comentários :

Anónimo disse...

Os fracos são assim. e dos Fracos e pelos Fracos,não reza a História.

os pulhas disse...

Dos pulhas que mais se sabe...? Sempre foram fracos, demagogicos e trauliteiros. No poder são arrogantes e fraudulentos. Na oposição engolem tudo para lá chegar.
Passos Coelho não chega ao Natal.