domingo, fevereiro 20, 2011

A instabilidade endémica

• Pedro Adão e Silva, A instabilidade endémica:
    Primeiro foi o PCP, que, dando o dito por não dito, aventou a possibilidade de apresentar uma moção de censura. O objetivo tático era inequívoco: por um lado, condicionava o BE, obrigado a dizer se viabilizava ou não o "governo de direita" do PS; por outro, colocava PSD e CDS entre a espada (apoiar Sócrates) e a parede (derrubar o executivo, só que em nome de "outra política"). Pelo caminho, o PCP ia apalpando o terreno da contestação social, mobilizando a 'rua' e consolidando a sua hegemonia no movimento sindical. Entretanto, o BE, com medo de perder a corrida ao sprint, respondeu, aprazando já a sua própria moção para daqui a um mês.

    Sem saber se devia dizer sim ou não, o PSD deu um passo em frente, regressando à rota ziguezagueante. Enquanto Passos Coelho se revela desgastado com a "esquizofrenia política" em torno da instabilidade e quer tempo para construir uma alternativa - que, do que se percebe, passa por fechar as empresas públicas que dão prejuízo (por exemplo as de transportes públicos) -, mas não quer ficar com "os dedos queimados" por andar com o "Governo ao colo", Nogueira Leite afirma que não convém "perpetuar o executivo no poder", mas avisa que "o PSD não tem muito a ganhar com uma moção de censura já". No fim, as palavras sábias de Miguel Relvas: "estamos à espera do momento político". O tal momento político que Paulo Portas vislumbrou sozinho no rescaldo das presidenciais e que acabou por não chegar.

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