Os professores também se enganam

“O destino dos governos minoritários é, normalmente, acabarem por ser derrubados por uma moção de censura, votada por sectores diversos da oposição. Foi isso que aconteceu ao primeiro Governo constitucional presidido pelo Dr. Mário Soares e ao primeiro Governo do Dr. Cavaco Silva.”

Freitas do Amaral

Ora, descontando as eanices dos três governos de iniciativa presidencial (o III, o IV e o V), houve em Portugal os seguintes governos “minoritários”:

• O I Governo Constitucional (Mário Soares era o primeiro-ministro);
• O X Governo Constitucional (Cavaco Silva era o primeiro-ministro);
• O XIII Governo Constitucional (António Guterres era o primeiro-ministro);
• O XIV Governo Constitucional (António Guterres era o primeiro-ministro);
• O XVIII Governo Constitucional (José Sócrates é o primeiro-ministro).

Salvo melhor opinião, o Prof. Freitas do Amaral meteu o pé na poça. Basta uma rapidinha na Wikipédia para concluir que o “destino dos governos minoritários” não é morrer às mãos de uma moção de censura.

Até ver, a “normalidade” a que se refere o jubilado professor de direito apenas se verificou com o primeiro governo de Cavaco. No caso do I Governo Constitucional, foi Mário Soares que apresentou uma moção de confiança. Quanto a Guterres, o seu primeiro governo cumpriu a legislatura e, no segundo, o então primeiro-ministro bateu com a porta.

Portanto, só houve uma moção de censura aprovada: a do PRD. O que se seguiu é conhecido: o PRD foi vendido aos “nacionalistas”, que o transformaram no PNR, e o presidente dessa agremiação vai fazendo umas esporádicas aparições em iniciativas da direita.