sábado, março 12, 2011

Cavaco, Eanes e a 'boa-fé'

• João Marcelino, Cavaco, Eanes e a 'boa-fé':
    1. Tem de se ler, ou ouvir, as declarações de Ramalho Eanes sobre o discurso de Cavaco Silva na tomada de posse para melhor se compreender a real necessidade do apelo agora feito pelo PR aos "portugueses de boa-fé" para que interpretem o seu discurso longe de malignas influências.

    Lembro que o antigo ex-presidente, emblema da comissão de honra da recente reeleição presidencial, considerou "excessivas" as "acusações" feitas pelo actual PR ao Governo de José Sócrates. Além do mais, Eanes afirmou que o discurso "esqueceu a crise externa e a (sua) influência na nossa própria crise". Teve mesmo a ousadia de dizer o seguinte a propósito do Governo: "Não pode fazer tudo, porque não faz milagres" - e ainda sobre a tal década perdida: "Não é da responsabilidade deste Governo, ou pelo menos não é da responsabilidade exclusiva deste Governo."

    Ramalho Eanes terminou essa sua apreciação, aliás, com uma classificação elucidativa: [o discurso foi] "razoável".

    Por tudo isto, repito, o apelo do PR aos portugueses de "boa-fé", para que não se deixem contaminar com "uma interpretação abusiva ou distorcida" do seu discurso, não me deixou indiferente. E foi o que eu fiz ontem. Fui ler o que tinha ouvido na tarde de quarta-feira.

    2. E li o quê? Bem, li o que gostaria de ter ouvido na recente campanha eleitoral, até pelo cariz ideológico de algumas passagens, e para que todos os portugueses pudessem ter pesado o seu voto de acordo com o real pensamento político de Cavaco Silva. Quando se diz que a verdade deve estar presente no discurso político - e deve! - isso é válido para todos os actores.

3 comentários :

The Mother of Mothra of ALL Bubbles disse...

Citar eanito el estático

é similar ao vazio de ideias que durante 30 e tal anos varreu este país

gastamos agora que chegará mais depois

o dinheiro imprime-se

pode nada valer ou ser falso

nisso é como os discursos

e as apreciações sobre os discursos

Anónimo disse...

Cavaco já nem é unânime na sua base de apoio.

Um chefe de facção.

Anónimo disse...

Eanes, segundo afirmou, foi um homem que recusou acções de bancos a preços de favor - o que lhe dá um discernimento diferenciado para avaliar a seriedade de certos actos.


Está para nascer...