Quem sustenta esta posição é Robert Fishman, professor na Universidade de Notre Dame, num artigo hoje publicado no jornal The New York Times (com o título Portugal’s Unnecessary Bailout). Eis algumas passagens do artigo, numa tradução do Jornal de Negócios:
- ‘Apesar de as dificuldades de Portugal se assemelharem às da Grécia e da Irlanda, uma vez que os três países aderiram ao euro, cedendo assim o controlo da sua política monetária, o certo é que “na Grécia e na Irlanda, o veredicto dos mercados reflectiu profundos problemas económicos, facilmente identificáveis”, diz Fishman, realçando que “a crise em Portugal é completamente diferente”.
Em Portugal, defende o académico, “não houve uma genuína crise subjacente. As instituições económicas e as políticas em Portugal, que alguns analistas financeiros encaram como irremediavelmente deficientes, tinham alcançado êxitos notáveis antes de esta nação ibérica, com uma população de 10 milhões de pessoas, ser sujeita a sucessivas vagas de ataques por parte dos operadores dos mercados de obrigações”.
“O contágio de mercado e os cortes de ‘rating’ , que começaram quando a magnitude das dificuldades da Grécia veio à superfície em inícios de 2010, transformou-se numa profecia que se cumpriu por si própria: ao elevarem os custos de financiamento de Portugal para níveis insustentáveis, as agências de ‘rating’ obrigaram o País a pedir ajuda externa. O resgate confere poderes, àqueles que vão “salvar” Portugal, para avançarem com medidas de austeridade impopulares”, opina Robert Fishman.
“A crise não resulta da actuação de Portugal. A sua dívida acumulada está bem abaixo do nível de outros países, como a Itália, que não foram sujeitos a avaliações [de ‘rating’] tão devastadoras. O seu défice orçamental é inferior ao de vários outros países europeus e tem estado a diminuir rapidamente, na sequência dos esforços governamentais nesse sentido”, refere o professor, que fala ainda sobre o facto de Portugal ter registado, no primeiro trimestre de 2010, uma das melhores taxas de retoma económica da UE.
Em inúmeros indicadores – como as encomendas à indústria, inovação empresarial, taxa de sucesso da escolaridade secundária e crescimento das exportações -, Portugal igualou ou superou os seus vizinhos do Sul e mesmo do Ocidente da Europa, destaca o sociólogo.’
- “Os cépticos em torno da saúde económica de Portugal salientam a sua relativa estagnação entre 2000 e 2006. Ainda assim, no início da crise financeira mundial, em 2007, a economia estava de novo a crescer e o desemprego a cair. A recessão acabou com essa recuperação, mas o crescimento retomou no segundo trimestre de 2009”.
- “não há que culpar a política interna de Portugal. O primeiro-ministro José Sócrates e o PS tomaram iniciativas no sentido de reduzir o défice, ao mesmo tempo que promoveram a competitividade e mantiveram a despesa social; a oposição insistiu que podia fazer melhor e obrigou à demissão de Sócrates, criando condições para a realização de eleições em Junho. Mas isto é política normal, não um sinal de confusão ou de incompetência, como alguns críticos de Portugal têm referido”.
12 comentários :
Garanto-vos que nenhum jornal nacional vai dar eco a estas verdades inconvenientes... Por cá vai continuar o bota-abaixo... com o aplauso de Belém. Ainda não perceberam que o grande coveiro de Portugal está em Belém?... Ora, reflitam um pouco...
Garanto-vos que nenhum jornal nacional vai dar eco a estas verdades inconvenientes... Por cá vai continuar o bota-abaixo... com o aplauso de Belém. Ainda não perceberam que o grande coveiro de Portugal está em Belém?... Ora, reflitam um pouco...
Testemunha confirma que Oliveira Costa vendeu a Cavaco Silva e à filha acções da SLN com prejuízo de 275 mil euros
http://economia.publico.pt/Noticia/testemunha-confirma-que-oliveira-costa-vendeu-a-cavaco-silva-e-a-filha-accoes-da-sln-com-prejuizo-de-275-mil-euros_1489635
Estas noticias não interessam a muito boa gente, causa-lhes indigestão, embora tambem seja verdade que andamos há muito tempo a viver acima das possibilidades, e nenhum governo dos ultimos 30 anos tenha tido coragem para aplicar as necessárias correções.
mais um jogador do totoloto...
Este Economista não sabe nada...quem sabe são as agencias de rating,o avõ Catroga e o "Moço de recados de Angelo Correia" PPC(opinião de João Jardim antes do congresso do PSD Madeira)Com este governante na Madeira é que é sempre possivel colaborar...desde que baixem as calças... Como Socrates não baixou...o vento mudou...e até o Coelho ganhou...
O homem não é economista mas sim sociologo e drogou-se com toda a certeza antes de escrever este artigo.
Grandes democratas da treta que vocês são. Estou farto de fazer comentários neste blogue e sem nunca ofender ninguém, mas como critica aquilo que voces escrevem... nunca os publicam. Um grande queijo da serra para vocês todos "camaradas".
Escreves com tinta invisivel e vai daí - desta vez, deu certo
O queijo da serra, se for do amanteigado - é uma maravilha.
Eu sou um critico, do PS - não se pode dar muita confiança ao "status quo" do PS - por isso é que ninguem me atura, nem em casa . tenho mau feitio.
Ãs tuas mensagens que forem regeitadas??? coloca no
http://zeboneoaparvalhado1.blogspot.com.
Colocas lá, depois tento colocar aqui, vale?
Ora, ora, não era preciso um professor estrangeiro vir confirmar a excelência do Governo do nosso inefável JS para que robustecer a convicção do facto.
É que a realidade, melhor que ninguém, está aí para a confirmar!
E já estava, aliás. antes do surgimento da dita crise internacional.
Já então comparávamos, como comparamos ainda, com a Alemanha, a Austria, os Países Baixos, a Dinamarca e outros que tais, afectados também pela dita crise internacional - e que, como se vê, se encontram hpje, do mesmo modo, a pedir, de joelhos e de mão estendida.
Viva JS e o inenarrável génio que ocupa a cadeira destinada aos ministros das Finanças
eu gostava de ver esses comentários também, arranjar forma de criticar o que é por demais evidente parece-me um exercicio extremamente dificil e votado ao fracasso.Mas atenção! Só vale se o fizer com argumentos inteligentes.
Robert Fishman tem toda a razão no que escreve. Uma voz lucida que tem a coragem de ir contra a corrente. Para se perceber melhor as manipulações e a mentalidade criminosa dos mercados (abutres)neoliberais é também obrigatório ler Naomi Klein "A Doutrina do Choque" e perceber a catástrofe para onde estes monstros estão a arrastar o mundo. Passos Coelho e a sua trupe são apenas os mais desastrados desses aprendizes de feiticeiros do Mal. São os Orcs do Senhor dos Aneis.
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