Hoje, num movimento de ginástica artística inesperado, Passos Coelho veio dizer que admite voltar a fazer um referendo sobre a lei do aborto. Há contradições que se pagam caro e esta, estou em crer, custará muito a Passos Coelho.
A contradição é uma inevitabilidade da política, se a entendermos como a necessidade que, muitas vezes, as ideias apresentadas num determinado momento (nomeadamente a sufrágio) terem de se adaptar às circunstâncias, muitas vezes novas.
Mas esta mudança de posição não radica em qualquer necessidade de adaptação à realidade ou alteração das suas circunstâncias. Radica, isso sim, no mais puro oportunismo político, apenas compreendido pela vontade de evitar a fuga de eleitores do PSD para a sua direita que as sondagens parecem mostrar.
Acontece que os eleitores, preferindo naturalmente que os políticos concordem com as suas posições, não são insensíveis às razões que os levam a mudar de posição. Veja-se o recente exemplo de Merkel na Alemanha, que foi fortemente penalizada nas urnas quando, cavalgando o receio do nuclear motivado pelo desastre de Fukushima, veio a suspender o prolongamento do funcionamento das centrais nucleares. Mesmo os que concordavam com a medida, interpretaram este gesto como puro oportunismo.
Pense-se que é em temas como este do aborto que se admite que os deputados tenham liberdade de voto (por se considerar uma questão de liberdade de consciência), por se considerarem questões estruturantes da personalidade de uma pessoa.
Com este volte face (que até a mim surpreendeu), Pedro Passos Coelho mostrou que está disposto a tudo para tentar ganhar estas eleições, mesmo mudar em matérias que deviam constituir a coluna vertebral do seu pensamento político.
- Paulo F.
1 comentário :
Como dizia o outro: "Pedro PasSos coelho tem a coluna verteral de um caracol!"
E dizia mais: "É um farsolas".
ta td dito.
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