• Nicolau Santos, Anatomia do poder. Do preconceito ao calculismo: ‘4. O IDEÓLOGO DE SERVIÇO
Curiosamente, o ideólogo com mais peso no Governo não é do PSD, é do Banco Central Europeu e chama-se Vítor Gaspar. O ministro das Finanças é o representante de Bruxelas, do BCE e da troika no executivo português. É ele que zela pela ortodoxia financeira e orçamental. Ê ele que sabe o que querem os que nos emprestam o dinheiro. É ele que recusa renegociar o acordo assinado com a troika, em termos de montante, condições e tempo. É ele que aceita sem pestanejar que, só em comissões, Portugal vá pagar EUR655 milhões, e que em juros a fatura ultrapasse os sete mil milhões de euros. Vítor Gaspar não vive em Portugal há muitos anos. O que sabe do país é pelos indicadores económicos: má produtividade, baixa competitividade, o peso dos não-transacionáveis, os salários da função pública versus sector privado. Pensa convictamente que aplicando integralmente a receita que traz do BCE, tudo mudará para melhor. Não há dor social que o impressione, nem protestos públicos que o travem.’
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