quarta-feira, fevereiro 08, 2012

“Portugal não convence os investidores porque não cresce, não é porque tem feriados a mais”


Expresso de 4 de Fevereiro de 2012


• Luís Rego, Já chega de resgates:
    ‘(…) Portugal já não se livra do contágio e está apenas alguns meses atrás da Grécia neste processo. Há dois anos que faz tudo o que lhe pedem, está sempre "no bom caminho" e vai ficando pior. É certo que não tem a mesma dívida pública que a Grécia mas tem um nível de dívida privada dramático: a recessão vai ampliar o mal parado e este vai expor ainda mais os bancos, sobrando a factura para as contas públicas.

    Não se trata de um ‘default' devastador como foi o da Alemanha no pós-guerra (o último caso na Europa ocidental). A reestruturação da dívida grega, que se perfila em Atenas, está muito longe de ser o "Lehman Brothers europeu" que se antevia em Bruxelas há apenas oito meses. Os credores perceberam que mais vale um pássaro na mão que dois a voar e aceitaram anular metade do valor facial de dívida privada grega.

    E não dá para esperar por 2013. A seguir ao Verão, o FMI só pode continuar a emprestar dinheiro ao País se este der garantias de solvência nos 12 meses seguintes. Por isso, ecos de que Vítor Gaspar sondou investidores para este cenário, durante a sua visita a Londres na semana passada, são um sinal de que, apesar da forma como se expressa, o ministro não estará totalmente desligado da realidade. Num ciclo recessivo e sem margem política para expansionismos, só uma redução administrativa da dívida e um período mais longo para digerir a austeridade podem impedir uma ruptura social e financeira, que - no limite - pode empurrar o país para fora do euro.’

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