quinta-feira, março 29, 2012

Primavera 2012 — Boletim Económico do Banco de Portugal


As sucessivas previsões que vamos conhecendo, designadamente as do Governo e do Banco de Portugal, revelam que se chegou à conclusão de que é melhor tomarmos contacto com a catástrofe aos bochechos para tentar atenuar os suicídios provocados pelas más notícias. Com efeito:
    1. O Banco de Portugal revela hoje que, relativamente às estimativas feitas há três meses, há um agravamento da situação do mercado de trabalho, que conduzirá à destruição de 170.000 postos de trabalho durante o ano de 2012. Cento e setenta mil num só ano.

    Haja esperança, no entanto. Segundo a instituição de Carlos Costa, as medidas para “favorecer a competitividade” — devendo estar a pensar na EDP quando se refere à “promoção da concorrência em alguns sectores até agora protegidos” — e a “alteração do quadro institucional do mercado de trabalho” — que, como se sabe, torna o despedimento mais fácil e mais em conta — hão-de levar um dia à criação de emprego.

    2. Por outro lado, o Banco de Portugal tem a informar de que o PIB irá também sofrer um agravamento mais profundo do que estimou no Boletim de Inverno: antecipa agora uma contracção do PIB de 3,4% em 2012, que resulta da acentuação da forte queda do consumo privado (7,3%), da quebra do investimento (12%) e da travagem nas exportações (um crescimento de 2,7% em 2012, contra 4,1% na anterior previsão).
Agora, respire-se fundo, porque só no Verão é que o Banco de Portugal volta a dar notícias. Em todo o caso, como diria um dos canastrões que o ministro da propaganda recrutou, “há um ano vivíamos melhor” — salvo os Catrogas. “As coisas são o que são.”

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