Aprender com a "realidade"

Quanto mais tempo passa, pior o país fica. A única coisa boa é que podemos ir avaliando a eficácia das medidas do Governo para lidar com a crise.

Ontem, era notícia que, desde Janeiro deste ano, 858 pessoas ficam sem emprego todos os dias, em média. Também ontem, soube-se que o reembolso parcial da TSU - uma das políticas activas de emprego que o Governo "descobriu" e que ergue como grande trincheira contra o aumento do desemprego - só permitiu a contratação de 82 desempregados desde que a medida está em vigor, ou seja, desde 6 de Agosto último. Não é dito o último dia que é levado em consideração para efeitos de apuramento deste valor (será o final do mês de Setembro?), mas admitamos, por alto, que estamos a falar de 50 dias de vigência da medida. Ora, 82 contratações em 50 dias dá cerca de 1,6 pessoas contratadas, em média, por dia. Atenção: 1,6.

Aceitemos que a medida ainda está no início e é pouco conhecida pelos empresários (embora esteja planeada há vários meses), sendo, por isso, necessário esperar um pouco mais para perceber o seu real alcance. No entanto, num país onde desde Janeiro de 2012, em média, mais de 850 pessoas perdem o emprego todos os dias, o número de 1,6 não chega sequer a ser ridículo.

Atenção: a medida não é necessariamente "má". Ela, como outras do género, simplesmente nada pode contra a percepção dos empresários de que não há procura suficiente que justifique novas contratações.

Bem sabemos que o Relvas afirmou que o Governo está disposto a aprender com a "realidade", mas o país já perdeu a esperança que o Gaspar compreenda isto. Se o fizesse, provavelmente não passava no primeiro ano do curso do Borges.

Pedro T.