quinta-feira, novembro 08, 2012

O Problema com Salazar

• José Neves, O Problema com Salazar:
    ‘Entendam-me bem, por favor: não creio que Lomba nutra simpatia pelo salazarismo e não se trata aqui de o acusar de tal desgraça. Trata-se, sim, de constatar que a direita portuguesa tem um problema com a memória de Salazar e que é preciso confrontá-la com esse seu problema. E quem à direita não quiser correr o risco de um dia acordar salazarista terá que necessariamente percorrer a via dessa auto-crítica. Durante grande parte do século XX português a direita foi ditadura. Pode a direita portuguesa de hoje continuar a não enfrentar esta questão?’

3 comentários :

Anónimo disse...



O problema da Direita, com Salazar, é simétrico do da Esquerda: esta olha para ele apenas como o perverso Ditador que foi, esquecendo tudo o resto (que é, todavia, alguma coisa).

Aquela olha para o salazarismo com frieza e indiferença ética, não se importando nem com o sê-lo, nem tampouco com o parecê-lo!

Quando precisamente a maior vulnerabilidade face às Ditaduras é quando se banalizam e se desvalorizam os seus múltiplos perigos.

Anónimo disse...

Se o Lomba nao é Salazarista eu sou o Pai Natal.

Fernando Romano disse...

Este excerto de José Neves, leva a armar-me em carapau de corrida - filosofando.... Tenham lá paciência!

O que é a direita portuguesa? Melhor: o que é a burguesia nacional? Onde está ela? Qual o seu poder? Ora aí está uma questão a que nem a direita foi capaz de responder até ao momento, nem no teórico nem no organizativo, nem os nossos soberbos intelectuais e pensadores, nem o próprio sistema partidário, com exceção do PCP, que sabe do que deve falar e do que não deve falar... para lançar a confusão. É salazarista? Mas ela foi socialista, social-democrata e até se rendeu ao gonçalvismo, assistindo nos seus sofás em direto pela televisão ao denominado PREC! A direita, neste momento, em Portugal, é outra gente: um punhado de ricalhaços da finança e da distribuição alimentar e mais um ou outro, que tiveram como melhor aliado o PCP, como se provou recentemente. Tivéssemos nós tido um verdadeiro partido de direita após o25 de Abril e a nossa vida política e económica teria tido um outro dinamismo e ambição e não teríamos chegado ao que chegamos agora. A nossa democracia estaria mais forte e este bando que nos governa agora nunca teria chegado ao poder. O que chamam de direita portuguesa, na sua expressão subjetiva, está semeado por todo o espectro partidário português. Por isso ele definha. Mas esta direita, chamemos-lhe burguesia nacional, não é salazarista, nem padece de salazarismo!

Falta-nos definir a contradição principal que nos bloqueia o caminho. Dito de outro modo: identificar, no discurso e na ação, os verdadeiros inimigos da nossa pátria, alguns deles estiveram na rua e na imprensa a lutar para levar ao poder esta camarilha que nos governa, um punhado de homens muito ricos que ganharam o vício... de manter Portugal pequenininho, explorar o povo e a própria burguesia nacional. Eles dominam a imprensa. E contratam lacaios - sempre os há.

E os partidos políticos mostram à saciedade ter medo deles; e quando não se portam bem, mesmo no governo, telefonam-lhes ou entram pelos gabinetes governamentais para alterarem decisões.

Porque é que não está todo o mundo aos berros na rua a exigir a demissão deste governo de trafulhas e incompetentes? E de vendilhões da pátria? Aposto que essa tal ampla "direita" portuguesa, supostamente salazarista, engrossaria esse coro, mesmo que sentada nos seus sofás.

Isto não passa de uma opinião... muito esforçada.