- ‘Portas cometeu um segundo erro: subestimou Vítor Gaspar, lá onde devia tê-lo temido mais. Porque Gaspar viveu sempre arredado do Mundo, com as luzes de néon suave dos gabinetes e o computador como companhia: e por isso mais adora o sabor doce da ribalta. É como aqueles adultos que, nunca tendo namorado ou feito tolices na adolescência, vêm a descobrir os prazeres da vida em momento tardio. Nunca teve poder, só influência. Agora, cada clamor da rua, cada parangona dos jornais ou debate parlamentar o exaltam: porque os cidadãos são para si coisas vagas que mexem, berram e às vezes até choram. Aproveita gulosamente cada segundo. Ama este poder, sabendo-o transitório. A sua fragilidade política é, afinal, a sua força: não precisa de mais.
Passos Coelho admira Vítor Gaspar sem reservas: é o seu fiador internacional. Pressente que só através dele realizará o sonho algo infantil e muito difuso de um "novo" Estado (não de um Estado Novo).’
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