• João Galamba, Governação em ‘outsourcing’:
- ‘Este relatório [do FMI] considera que políticas sociais justas são aquelas que combatem pobreza extrema, e apenas essas. Não admira, portanto, que se encontrem tantas injustiças e desperdícios no Estado Social que efectivamente temos, pela simples razão de que o nosso Estado Social não é apenas para os pobres. É inteiramente legítimo que haja quem pense que isto tenha de ser refundado. O que já não é aceitável é distorcer o objecto em análise e proclamar que este deve ser avaliado à luz de princípios que contestam os seus fundamentos.
Dizer que "20% dos rendimentos mais altos têm 33% do rendimento que é redistribuído, 20% dos rendimentos mais baixos apenas conseguem 13% do rendimento redistribuído", e que isto é injusto, é não perceber a natureza contributiva de uma parte muito significativa das nossas prestações sociais. A injustiça, que obviamente existe, reside na distribuição primária dos rendimentos, não no modo como, partindo desses rendimentos e respectivas contribuições, se chega a um conjunto de prestações sociais de natureza contributiva. Quem não percebe isto, ou não entende o sistema que está a avaliar ou está deliberadamente a distorcer a realidade.
Se o objectivo for apresentar um diagnóstico do nosso Estado Social, convém ter presente que não só gastamos menos em percentagem do PIB do que a média da OCDE, como os resultados dessa despesa estão em linha com os dos nossos parceiros. A redistribuição de riqueza via transferências monetárias e impostos reduz o índice de Gini (indicador de desigualdade) em 24% - semelhante à média da OCDE, que é de 25% - e, quando olhamos para transferências associadas aos serviços públicos, essa redução é de 21%, quando a média da OCDE é 20%. Acresce que, desde 1995, a redução das desigualdades e a redução da taxa de pobreza, sobretudo a dos idosos, foi a maior da Europa.’
3 comentários :
Fugindo ligeiramente ao tema, começo a ficar deveras preocupado com o seguinte:
Ficou provado que duas ou três agências de Rating podem determinar o colapso de um país;
Estamos inseridos numa estrutura que impede os países de se financiarem diretamente a um Banco Central;
Essa mesma estrutura empresta aos bancos privados para que estes financiem os respetivos estados membros;
Com este cenário, qualquer medida considerada mais favorável ao factor trabalho ou, o que é a mesma coisa, desfavorável ao sistema financeiro, correrá sempre o risco de ser chantageada por uma crise mais ou menos artificial;
Ou seja, de que vale um voto?
Fugindo ligeiramente ao tema, começo a ficar deveras preocupado com o seguinte:
Ficou provado que duas ou três agências de Rating podem determinar o colapso de um país;
Estamos inseridos numa estrutura que impede os países de se financiarem diretamente a um Banco Central;
Essa mesma estrutura empresta aos bancos privados para que estes financiem os respetivos estados membros;
Com este cenário, qualquer medida considerada mais favorável ao factor trabalho ou, o que é a mesma coisa, desfavorável ao sistema financeiro, correrá sempre o risco de ser chantageada por uma crise mais ou menos artificial;
Ou seja, de que vale um voto?
Vale o que vale.
Mas convém sempre saber que o voto não é tudo em Democracia.
O voto é como a Diplomacia. E tal como as guerras são a sua continuação por outros meios, a violência política também pode, em casos extremos, ser a continuação do "voto popular". Por outros meios, digamos, mais "efectivos".
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