sábado, março 09, 2013

"Atingimos o limite de cortes. É preciso parar"

Entrevista ao Expresso de Adalberto Campos Fernandes, médico, professor na Escola Nacional de Saúde Pública, antigo gestor dos hospitais de Santa Maria e de Cascais e, agora, presidente da comissão executiva para a função prestadora do SAMS (subsistema dos bancários):
    - Deve existir liberdade de escolha?
    - A liberdade de escolha em saúde é muito popular, mas impossível. Não há sistema que resista ao não alinhamento com o território, propondo às pessoas uma determinada oferta. Mas as pessoas devem ter liberdade para mudar. É preciso ir mais longe no financiamento dos hospitais: os que não dessem resposta a consultas, exames e outras prestações a doentes da sua área, dentro de prazos seguros, deviam ser penalizados financeiramente, porque de outra forma premeia-se a incompetência.

    (…)

    - Se fosse ministro da Saúde, que cortes proporia?
    - Não precisava de ser ministro. Se a troika me ouvisse, diria que atingimos o limite de cortes e que é preciso parar. O que falta fazer na reforma estrutural dos hospitais, no ataque à má despesa, à ineficiência e à fraude é o que falta para garantir um sistema justo e sensível às dificuldades das pessoas. Proporia ainda que nos desse as condições de juros que deu à Grécia e teríamos logo uma poupança de €15 mil milhões que nos permitiria não entrar na zona de segurança, já claramente ultrapassada.

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