sexta-feira, março 08, 2013

Da série “A fenomenologia do ser” [29]


PPC é comprovadamente ignorante e vagamente estúpido.

Esta é uma afirmação que já não carece de demonstração e o próprio encarrega-se de a tornar evidente a cada declaração pública.

Isso ficou de novo à vista nas recentes declarações sobre uma suposta correlação entre o salário mínimo e o desemprego – note-se, de passagem, que PPC aparenta não saber distinguir entre correlação e causalidade, mas adiante.

Vejamos.

Em Portugal os salários desceram drasticamente e ainda assim o desemprego aumentou para níveis estratosféricos.

Perante esta evidência empírica como é que alguém pode afirmar de forma leviana que se o salário subir o desemprego aumentará? Seria o equivalente a afirmar que A e ~A ⇒ B e são ambas verdadeiras.

Razão teve o filósofo quando considerou, ironicamente, que todos se julgam suficientemente providos do bom senso que a natureza distribui pelo conjunto dos mortais. Por isso, só mesmo por absurdo é que se pode presumir que um argumento por absurdo esteja ao alcance de tão absurda personagem.

6 comentários :

Miguel disse...

Caro Afonso,

Esta relação está comprovada por economistas de todos os espectros e áreas. Quando aumenta o salário mínimo, todos os empregadores que só conseguissem contratar pelo valor anterior deixam de contratar.

É certo que, por força da disparidade de poder negocial, há muitos empregadores que conseguem fazer pressão para pagar o mínimo, mas esses empregarão sempre pelo valor mínimo.

O que baixou foram os salários médios e não o salário mínimo que, nos últimos anos, aumentou e estabilizou de valor.

Pelo que a sua afirmação é "fenomelogicamente" uma grande falácia, que julgo que conseguirá admitir!

Independentemente da discussão ideológica, entre o jogo da procura e oferta, baixar o salário mínimo aumenta o número de "empregos potenciais". Se calhar o próprio Afonso poderia contratar pessoas, se o "trabalho" fosse um bem mais barato! Contudo, há muitos argumentos que contrapesam esse incremento potencial no emprego, essencialmente do mesmo tipo de todas as normas de Direito Laboral que partem de uma constatação real (e também muito comprovada) de desigualdade negocial entre empregadores e trabalhadores pelo que são, como outros ramos do Direito, normas que protegem os mais fracos e são essenciais! (i.e. seria possível - e "lógico" - dizer que acabar com a ideia de salário mínimo diminuiria o desemprego; contudo, essa decisão teria também, potencialmente, custos sociais demasiado elevados: pelo que preferimos tomar conta de X desempregados, garantindo que os Y empregados estão mais protegidos.

Anónimo disse...

Miguel, é capaz de citar a fonte "dos tais economistas que comprovam"? E comprovam o quê?
Ou não passa do disparate comprovado!

Anónimo disse...

Caro Miguel.
Obrigado pelo seu comentário.
Noto a dificuldade que teve em sustentar a sua posição e como ela se foi tornando mais confusa à medida que avançava na sua argumentação. Em todo o caso o meu ponto não é económco. É lógico e fenomenológico em sentido próprio. Mas mesmo em termos económicos o seu argumento é frágil. Uma observação: não há economistas de todos os espectros como afirma. Há sim economistas de vários quadrantes no vasto espectro dessa ciência social.
Cumprimentos.
Afonso

Anónimo disse...

Baixar o salário minimo numa situação em que o problema não são os salários mas A FALTA DE PROCURA é contraproducente e raia o estupido.
Aumentar o salário minimo quando o problema é A FALTA DE PROCURA é de facto a atitude racional a tomar quando não se consegue voltar a elevar o nivel médio salarial ( por conta do desemprego e dos impostos absurdos).
Querer acabar com o pequeno tecido empresarial em Portugal é muito bonito ( considera-lo improdutivo só porque não exporta é de uma fineza de pensamento estupido estarrecedora), mas eu gostava é que quem defende este governo me explicasse o que vai fazer com os milhões de desempregados durante as próximas décadas que irão viver neste país enquanto esperamos pelo milagre tecnológico-económico que nunca há-de vir.
Eu não sou economista mas até eu percebo que não se podem construir modelos económicos em folhas excel sem ter em conta as especificidades de cada país ( que são sempre muitas e complexas).
Portugal é pequeno, não possui riquezas naturais em quantidade que interesse e ainda têm um deficite muito pesado de falta de pessoas qualificadas.
A unica riqueza que portugal poderia ter é cerebros. Cerebros esses que este governo se empenha em mandar daqui para fora.
O que este governo de soberbas , incompetencias e imaturidades adolescentes não conseguiu perceber até hoje é que o equilibrio económico é mais frágil do que uma pena ao vento : puxas um bocadinho de um lado and all hell breaks loose or not, dependendo do país.No nosso caso, puxou-se demais e onde não se devia. Resultado? O chão abriu-se sobre os nossos pés, e só um adolescente alienado, vulgo Gaspar, não consegue perceber o que se passa á sua volta.
O meu conselho : despeçam o ministro das finanças e ofereçam-lhe umas sessões de terapia centrada na sua adolescencia, é por demais óbvio que o desgraçado não teve uma feliz nem bem resolvida.

Anónimo disse...

Miguel empregador??????? Ou picareta falante do desgoverno?

Júlio de Matos disse...



Toda a discussão parte de uma premissa errada: a de que o importante é a taxa de desemprego (índice quantitativo) e não a qualidade desse emprego.


Claro que se todos os Salários em Portugal passassem, imagine-se, para METADE do seu valor atual, eventualmente poderíamos conseguir obter, de imediato, o pretendido desiderato do pleno emprego!


E no entanto eu prefiro mil vezes a situação de desemprego na Alemanha, ou na Escandinávia, em que 3 ou mesmo 5% de desempregados (com Subsídios e formação à altura) mantêm elevados direitos sociais, como Educação, Saúde e Habitação, a par de uma elevada qualidade dos empregos ocupados, que no fundo é tão ou mais importante do que o número de empregos que existem.