sábado, abril 13, 2013

"O espírito é típico do de uma cruzada, uma fé inabalável em amanhãs que cantam"

• Pedro Adão e Silva, Reformistas de todo o país, uni-vos [hoje no Expresso (artigo completo aqui)]:
    ‘Por uma daquelas voltas trágicas do destino, pode bem ser que este debate que se julgava ultrapassado, não seja assim tão datado. Se pensarmos nas clivagens políticas em Portugal hoje, encontramos reminiscências desta confrontação entre ‘revolucionários’ e ‘reformistas’. Com uma diferença. Os revolucionários de hoje não são os esquerdistas do passado, são um grupo bem mais poderoso, desde logo porque governa o país num momento de grande incerteza.

    Um dos traços mais marcantes da atitude revolucionária dominante é a forma como vê em todos os obstáculos uma oportunidade. A arquitetura do euro dificulta a capacidade competitiva da economia portuguesa? Pouco importa. A crise da dívida é um pretexto para enveredar pela desvalorização interna, baixando salários. A Constituição defende o princípio da igualdade? Ai é? Então, o chumbo do Tribunal Constitucional é a justificação ideal para desmantelar o Estado social. O caminho para o Governo é claro: de oportunidade em oportunidade até à revolução final.

    Há, claro, um lado de profunda irracionalidade nesta estratégia. Só assim se explica a vontade indómita de aplicar, em doses sempre mais reforçadas, uma estratégia de hiperausteridade que manifestamente não funcionou, e esperar resultados diferentes. O espírito é típico do de uma cruzada, uma fé inabalável em amanhãs que cantam. Para os arautos do ‘capitalismo científico’, pouco importa a destruição social. Um dia, sobre as cinzas do desemprego, emergirá uma nova sociedade. Quando? Ninguém sabe.’

1 comentário :

Anónimo disse...

Quando estes rapazolas são chumbados e outros vão para a cadeia de Monsanto...perguntar não ofende

Zé da Adega