quinta-feira, abril 18, 2013

Sócrates arrasta mais 300 mil espectadores do que os que viram o Telejornal

Programas de 7 de Abril e 14 de Abril

A Opinião de José Sócrates, o novo programa de comentário político da RTP, tem suscitado as mais extravagantes análises sobre as audiências. Acontece que a maioria dessas análises tem desprezado aspectos que são essenciais para entender as audiências.

É do mais elementar bom senso reconhecer que a audiência de um qualquer programa é condicionada pelo canal em que este é transmitido. Ora, na hora actual, a RTP é o canal generalista que tem menos audiência (cerca de um terço da TVI):
    • A 7 de Abril, dia do primeiro programa de Sócrates, a TVI obteve uma média de espectadores de 28,2, a SCI de 21 e a RTP de 9,7;
    • A 14 de Abril, a TVI obteve 29,6, a SIC 23,4 e a RTP 9,3.

Acresce que a audiência de um qualquer programa de um canal de televisão não depende apenas do que está a ser transmitido, uma vez que é influenciada pela programação anterior. Ora, a audiência do Telejornal da RTP é manifestamente inferior às audiências dos jornais noticiosos da TVI e da SIC. É assim que:
    • A 7 de Abril, o Telejornal da RTP obteve uma média de espectadores de 12,9, enquanto o da TVI atingiu 31 e o da SIC 19.9;
    • A 14 de Abril, a diferença ainda foi mais acentuada, pois o Telejornal da RTP conseguiu uma média espectadores de 10,2, enquanto o da TVI se situou em 34,5 e o da SIC em SIC 23,2.

Só na posse destes dados é que se pode (e deve) avaliar as audiências do programa de comentário político de José Sócrates. E que se conclui então? Que José Sócrates captou, em ambos os programas, mais 300 mil espectadores do que os que assistiam ao Telejornal. Com efeito:
    • No dia 7 de Abril, enquanto o share do Telejornal da RTP foi de 12,9, a Opinião de José Sócrates atingiu 18,3;
    • No dia 14 de Abril, enquanto o share do Telejornal da RTP se ficou em 10,2, a Opinião de José Sócrates atingiu 14,9.

Traduzido em número de espectadores:
    • Em 7 de Abril, José Sócrates herdou 655 mil espectadores do Telejornal e atingiu os 978 mil espectadores, trazendo um ganho de 323 mil assistentes (importando ademais sublinhar que, antes do Telejornal, foi exibida a série Compadres que, numa qualquer televisão preocupada com as audiências, já teria sido retirada da grelha);
    • A 14 de Abril, o ganho foi de 311 mil espectadores, uma vez que a Opinião de José Sócrates arrancou com 466 mil espectadores vindos do Telejornal e subiu até aos 757 mil.

10 comentários :

Anónimo disse...

É essa a perspectiva e a analise q deve ser feita. De notar q o programa de Marcelo está "embeded" no Telejornal da TVI e tem vindo a antecipar a hora de entrada devido ao medo do choque c/Sócrates. Uma análise interessante e necessaria seria a transferencia de publico nos momentos de sobreposição dos dois programas, se houver.

Anónimo disse...

E não tem a boleia do programa das imitações nem do big brother da TVI.

ignatz disse...

primeiro expliquem direitinho como medem as audiências, quem certifica os números e quando houver histórico dá para analisar a evolução da coisa. até lá andamos no bitaitanço e na especulação promovida pelo aldrabão de sousa, afinal haverá no mundo alguém que parta mais espelhos que o professor? claro que não, as televisões fechavam todas no dia seguinte.

Anónimo disse...

Eles muito medo, muito medinho deste Homem.

josé neves disse...

Caros,
Nesta discussão entre Sócrates e Marcelo o que conta são as qualidades e não as quantidades: logo a qualidade de exposição, substância e conteúdo político de um de outro e depois a qualidade politico-intelectual de quem ouve um e outro.
Ao Marcelo, pela sua já longa exposição à maneira de Goucha, de um feirante ou cartomante, os seus ouvintes, hoje em dia, são os mesmos ou semelhantes desses programas da tarde e, claro, são gente "apanhada" pelo seu estilo de vendedor ambulante.
Ao contrário, com Sócrates são os mais atentos e politizados, os mais interessados pelo pensamento político e não pela intriga e coscuvelhice politiqueira.
O que é imortante são os que ouvem Sócrates, entendem a mensagem e podem depois tranmiti-la a outros convicta e convincentemente.
Já com Marcelo quem o ouve quer divertir-se com os seus trocadilhos, invenções, contradições e tropeções nas perguntas e respostas que o próprio inventa.
Deixem os direitolas preocupados, pois se eles se procupam é porque há motivo para isso.

Anónimo disse...

Muito bem, José Neves!

Anónimo disse...

Já eu que não assisti a nenhum dos dois programas ( do Marcelo e do Socrates) nas horas em que passaram originalmente nos respectivos canais, escolhi vêr Socrates mais tarde, pela internet.
Como eu outros milhares o terão feito.O que dá uma ideia do que valem na realidade estas medições : valem lixo.

Anónimo disse...

Dois programas, dois grandes momentos em televisão.

Anónimo disse...

Convém não comparar - Marcelo é assumido como um entertainer que conduz um programa de variedade que leva uma prendinha para a rapariguinha do programa, que se levanta para ir mostrar um pasteleiro e apresentar um folar, que dá uma receita de culinária e promove uma reunião, que faz de montra de livros que não leu, que oferece prémios à melhor redação dos alunos da escola secundária de, que leva um presunto da região de, que lê recados ,....enfim...

Que recorre a todos os efeitos especiais pimba...enquanto promove as suas ambições politica sempre tropeçadas nas suas palhaçadas.

Ernestina Sentieiro disse...

Há mais: o comentário de José Sócrates foi emitido separadamente do Telejornal, enquanto o de Marcelo fez parte do Jornal das 8, da TVI. Uma "cautelosa" antecipação da Quatro.
Muito mais importante: as teses (e até as expressões) de José Sócrates tiveram repercussão. Marcaram. Amigos e adversários, tanto em textos de opinião nos jornais como em intervenções na TV, pela semana adiante, seguiram as suas pistas de análise, sem citar o seu nome, na maioria das vezes. Até Cavaco dissimuladamente procurou responder-lhe.
Aliás, se Sócrates não fosse tão acertivo, não despertaria tanto ódio e sobressalto na Direita.
Repare-se que só se começou a discutir o caso dos políticos comentadores com a chegada de Sócrates. Antes, ninguém reagia à inaceitável situação de existir apenas um fazedor de opinião em televisão de sinal aberto. Marcelo foi o único ao longo de anos. Houve, apenas, um curto período que teve a concorrência do debate Sócrates/Santana Lopes, debate esse que o superou em audiência (o que concorreu para que fosse liquidado).
Houve vários outros nos canais da televisão por cabo, mas... a diferença de universos é enorme. Enquanto os canais de sinal livre podem ser captados pelos quase 10 milhões de portugueses, o universo dos da Cabo anda pelos 4,7 milhões. As tabelas que os jornais publicam induzem em erro, quando colocam a TV Cabo no mesmo "bolo" das televisões de sinal aberto, comparando o que não é comparável. É um debate por fazer. Diga-se, em resumo, que os canais temáticos são acompanhados por uma elite minoritária.