segunda-feira, fevereiro 17, 2014

Empregos?! Estão a falar de estágios e trabalho obrigatório
(muitas vezes não remunerado)
para quem recebe prestações sociais…

• João Galamba, Mistificações milagreiras:
    ‘(…) Ou seja, sem o emprego público não teria havido criação de emprego total em cadeia (na verdade, o sector privado, em termos agregados, destruiu 1100 empregos no 4º trimestre) ou ela teria sido praticamente nula em termos homólogos. Não deixa de ser estranho ver alguém que assenta todo o seu discurso na diabolização do emprego público - que constitui um "fardo que o país não pode suportar" - vir agora celebrar um "milagre" no emprego que depende quase exclusivamente desse mesmo emprego público. Esta estranheza é ainda maior quando percebemos que estes números são conservadores. O sector "Atividades de saúde humana e apoio social", por exemplo, tem uma fortíssima componente pública direta e indireta (via IPSS) e criou, só no 4º trimestre, 16 500 empregos.

    Mas a estranheza não termina aqui. Não só os números desmentem a narrativa de Passos sobre o dinamismo do setor privado, como, olhando para a composição do emprego nesse setor, não se vislumbram sinais dessa tão falada transformação estrutural. A Indústria e a Agricultura, sectores tipicamente transacionáveis, viram o emprego cair 27300 e 52 800, respetivamente; e o "Comércio por grosso", uma atividade quase exclusivamente dedicada ao mercado interno (aquele que Passos quer reduzir, por contribuir para que os portugueses vivam acima das suas possibilidades) criou 23 800 empregos.

    Grande parte destes empregos públicos, como é evidente, só por convenção estatística se podem considerar empregos: são estágios, trabalho obrigatório (muitas vezes não remunerado) para quem recebe prestações sociais e toda a parafernália das chamadas políticas ativas de emprego. Quanto à transformação estrutural, ela pura e simplesmente não se vislumbra nos números do INE. Para além da emigração (mais de 250 mil) e dos desmotivados (275 mil que não entram nas estatísticas do desemprego), que, se contabilizados, poriam a taxa de desemprego muito acima dos 20%, sabemos agora que o anunciado milagre no emprego resume-se, afinal, a (mais) uma enorme mistificação.’

6 comentários :

Ricardo Ramalho disse...

E eu deixo uma pergunta ainda mais complicada:
- E qual é a *qualidade* do emprego que eventualmente foi criado neste tempo?

E não digo isto por acaso! Digo isto com a raiva de ter a minha esposa a ser despedida em Janeiro de 2013, e conseguir um "emprego" apenas um ano depois! Mas e a qualidade? A qualidade é de quem pode ser prepotente, porque nesta altura "há que aguentar para se pagarem as contas". Portanto, por isso mesmo, os poucos que eventualmente contratam é para abusar e espezinhar.

Pedem à minha mulher, que trabalhe todos os dias 12 horas por dia, e ainda mais os Sábados (que ela se recusa...), isto sem receber mais um tostão que seja porque assinou um contrato de "isenção de horário". Isto tudo, para uma pessoa pós-graduada, a fazer trabalho de planeamento de produção por uns maravilhosos 1000€ brutos.

Alguém com o nível de formação e competência dela, é PATÉTICO este nível de valores.

Não sei a quem me queixar, não sei o que posso fazer para poder dar a volta a esta situação.

Fica aqui só um testemunho acerca da "criação de emprego" neste país. Muito mal pago, e esperam que a pessoa entregue a alma ao patrão.

Peço desculpa.

João Santos disse...

Esta canalha governou o país 40 anos antes do 25 de Abril. Recordam-se?

Anónimo disse...

Exacto João Santos. Eles estão mesmo de volta, e o povinho nem percebeu quem estava a meter no galinheiro.
No fim, se formos honestos com este povo, só têm o que merecem. Provaram durante 40 anos a liberdade e o que fizeram? Desbarataram-na, desdenharam-na, muitos nem sabiam utiliza-la, alguns nem que sequer existia...Só tenho pena de quem percebeu o que ai vinha e se recusou a votar nestes bandalhos, mesmo estando desiludido com o PS.
Sabiamos o que aí vinha, mas ninguém nos ouviu...agora comam merda, que eu também tenho de comer, mas pelo menos os que fizeram porcaria nas urnas sabem finalmente o que é pagar caro por se terem recusado a prestar atenção e por terem desbaratado a chance que muitos , com sangue até, vos deram, há 40 anos atrás.

Anónimo disse...

Quase que dá vontade de os deixar lá estar para além de 2015, pois toda a merda que andam agora a fazer vai explodir nas mãos de quem lá estiver em 2016.
E seria de facto um gozo vêr esta gente corrida de novo ao pontapé, como há 40 anos atrás. Mas desta vez com pontapé definitivo, if you know what i mean.
Para que nunca mais levantem as garimpas chulosas e gananciosas. Para que não se reproduzam. Para que de uma vez por todas larguem a teta do estado e nos deixem a nós em paz.

Baltazar Garção disse...



Não foram só "40 anos" antes do 25 de Abril! Bem contados, foram 48, isto depois do 28 de Maio, mais umas centenas deles, antes do 5 de Outubro...

Baltazar Garção disse...



Pois, sim... Mas a TSF, mais uma vez, hoje no seu Forum discutiu a manchete do FT, que afirma ser Portugal "o herói-surpresa" do Euro! A narrativa mediática do Poder é avassaladora, sobrepõe-se a TUDO, a todo o Saber e a toda a Racionalidade!

Há pois que encarar a sério esta evidência e proceder em conformidade. A Democracia não presta para nada, se não se cumprirem as regras do jogo.