Não há razão nenhuma que justifique que as auditorias jurídicas dos ministérios tenham de ser confiadas a magistrados do Ministério Público, salvo para se poder manter um maior número de vagas para o topo da carreira da corporação.
Quando o anterior governo pretendeu que esses cargos pudessem ser preenchidos por juristas da Administração Pública, para que os procuradores se concentrassem na investigação, caiu o Carmo e a Trindade. Até António Cluny, presidente honorário do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, andou num corrupio pelos órgãos de comunicação social a denunciar o crime em preparação.
Entretanto, Paula Teixeira da Cruz — tão bajulada por Cluny — prepara-se agora para abrir a porta à possibilidade de «o Estado poder escolher se quer ser representado em tribunal pelo Ministério Público ou por advogado ou, até, um licenciado em Direito, nos conflitos em que estão em causa contratos ou a responsabilidade civil extracontratual.»
Quando se poderia esperar que o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público rasgasse as vestes, a corporação arrasta-se numa austera, apagada e vil tristeza. E o presidente honorário do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público entretém-se a discorrer preguiçosa e burocraticamente sobre as experiências que descobre nos quatro cantos do mundo. Tudo hoje é mais claro.
4 comentários :
De facto que interesse poderá haver para os interesses instalados que à frente das auditorias jurídicas dos ministérios estejam magistrados?
Não se vislumbra, na verdade, nenhum.
Parecendo inquestionável que as negociatas subjacentes, regra geral em prejuízo do Estado, correrão sempre de forma mais fluida se conduzidas e assessoradas por factotuns dos donos do país.
É um prestígio de auditorias. Veja-se o "Parecer Verbal" de conformidade que o Auditor do MAI, amigo do Pinto Monteiro deu ao negocio do SIRESP... um "parecer" verbal a um negocio de 500 milhões!!!!! isto não é de dar cadeia? A única troika que faz falta é a judicial. Rever códigos penal e de processo cheio de teorias alemãs que nem na Alemanha são lei, limpar o MP e a judicatura. Começar de novo e a sério. Claro que ao PS isto tb não interessa nada....
É a verdadeira coligação negativa entre o PSD e o PCP/UEC.
Justus tem toda a razão. Ao PS isto nunca interessou nada. E desconfio que, quando interessar, será tarde demais.
Precisamente por isso mesmo é que, desta vez, já está decidido: o meu voto vai para Marinho Pinto.
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