segunda-feira, novembro 10, 2014

Leituras

• António Correia de Campos, O governo de oposição:
    «(…) O argumentário aí está: Sócrates a regressar pela mão do PS. Sócrates, o que ousou fazer sair o País do subdesenvolvimento crónico, o que atraiu indústrias, o que reestruturou fontes de energia, o que reformou educação, segurança social e saúde, o que pretendeu manter as telecomunicações em mãos nacionais, o que se afanou a construir estradas e linhas férreas, o que ousou colocar o País nas redes transeuropeias de comunicações, transportes e energias. (…)»
• Ferreira Fernandes, A Europa com os olhos no seu umbigo, Berlim :
    «(…) Ontem, o The New York Times citava Gilbert Rozman, professor da Universidade de Princeton. Dizia o autor de The Sino-Russion Challenge to the World Order que "é um ponto de não retomo, eles estão a mover-se para a China". Eles são os russos. Ao contrário do quenos aconteceu com os americanos, não perdemos só uns bons aliados, perdemos parte de nós. O afastamento da América ainda se explica pelas placas tectónicas, o da Rússia só pela estupidez teutónica.»
• Sérgio Figueiredo A democracia é um número:
    «Um discreto ministro, recém-chegado a um governo já em fim de ciclo, não conteve um desabafo, que ficou célebre, quando reagiu à divulgação de um indicador estatístico desfavorável: "É inadmissível que um instituto do Estado seja sistematicamente imparcial. É incompreensível que transmita a ideia de que a agricultura é um setor pobre. A administração pública não tem de transmitir essa ideia."

    Esta terça-feira, quase duas décadas depois, um extrovertido vice-primeiro-ministro deste governo já em fim de ciclo, à saída de um comício, não podia vociferar contra o Instituto Nacional de Estatística (INE). Os números eram bons. Também não se conteve. Como estava à porta de um teatro, vestiu um papel que não era o seu.

    Primeiro respondeu à revisão em baixa do nosso PIB, anunciada nesse dia pela Comissão Europeia: "As previsões são tão credíveis como as retificações." Paulo Portas sabe do que fala, porque o governo a que pertence pulverizou o recorde nacional de orçamentos retificativos. Mas também fala do que não devia saber. E quis antecipar as novas estatísticas que, na manhã seguinte, o INE publicaria sobre o desemprego: "São boas para Portugal, surpreendem pela positiva possivelmente algumas organizações internacionais." Horas depois, notícia confirmada: a taxa de desemprego recuou de 13,9% para 13,1%. O INE ratificou o governo. O Instituto Nacional de Estatística tem um estatuto especial de autonomia consagrado na lei. Que salvaguarda o respeito pelos mais elementares princípios de independência técnica e do segredo estatístico. Não é suposto, portanto, que as taxas, os índices e as variações homólogas circulem por gabinetes ministeriais antes da sua divulgação pública. (…)»
• Tomás Vasques, A rábula de Pires de Lima:
    «O senhor ministro da Economia, o centrista Pires de Lima, deu início, numa audição, a um novo estilo de discurso parlamentar. Usando a ironia, e alguma lábia, montou uma paródia, bem ensaiada, do género revisteiro, para responder aos deputados. Não faltou sequer o arrastar da voz, a imitar o actor Camilo de Oliveira, quando este cantava "ai Agostinho, ai Agostinha, que rico vinho". O estilo encontrado pelo senhor ministro, profusamente divulgado e parodiado, como facto insólito, na comunicação social e nas redes sociais, teve um inegável mérito: esconder que estava ali o representante do governo que mais "taxas e taxinhas" criou em Portugal, pelo menos nos últimos 40 anos, associando essa responsabilidade a António Costa, o líder do maior partido da oposição. O que quer dizer que a rábula, nesse sentido, funcionou. Mas, se a moda pega, e todos os deputados, nas suas intervenções adoptarem o novo estilo, ressuscita-se finalmente o teatro de revista, e o Parque Mayer renasce no Palácio de São Bento. (…)»

2 comentários :

Anónimo disse...

Deixem de teorizar coisas simples..., o ministro tinha estado antes num coktail onde bebeu uns gins... e é tudo!

Anónimo disse...

Completamente de acordo com o anónimo de seg Nov 10, 11:02:00 da manhã.

Teorizar coisas simples é um insulto para quem nunca comprou o Correio da Manhã, por exemplo.