• Sérgio Figueiredo, Os filhos de Hércules:
- «(...) O que Passos não é. Não é grego, não é criança e não é bom a ler contos infantis. Também não é parvo, porque o triunfo do Syriza em Bruxelas será a sua mais do que certa derrota em Portugal. Passos Coelho não é grego porque cumpriu e portou-se bem, porque está a antecipar reembolsos em vez de pedir mais empréstimos, porque o sistema partidário nacional não se fragmentou e a oposição não nasceu a partir das ruas. Portugal faz coro com a Espanha, a Irlanda e os países nórdicos na linha dos "intransigentes". Por uma questão de coerência, mas por razões diferentes. Fomos irlandeses na saída limpa, somos espanhóis porque não queremos nem o Podemos, mas não somos finlandeses porque também lhes devemos. É aqui que ficamos mais próximos dos gregos: mesmo sem a corda no pescoço, a dívida externa que temos é impossível de pagar com o crescimento económico que há muito não conhecemos.
O que Cavaco nunca foi. Nunca foi corajoso, nunca foi homem de vistas largas, nunca foi além das contas, nunca quis ser mestre porque sempre se conformou no papel de bom aluno. Cavaco nunca foi claro sobre a política de austeridade interna, porque ia lamentando os custos sociais infligidos pela opção tomada. Nunca foi crítico de tudo nem apologista de nada. Nunca foi brando nem duro. Nunca foi da oposição quando esta pedia ao governo a reestruturação da dívida, mas também nunca foi do governo sempre que este recusava ao BCE um papel mais ativo na gestão da crise económica. O Presidente da República não apoia as intenções da Grécia porque tal "significa muitos milhões de euros que saem da bolsa dos contribuintes portugueses". Cavaco Silva já calculou o prejuízo nacional, num eventual calote grego que já nem sequer está em causa: 1100 milhões de euros. Estadista-contabilista, tão forte em contas de dividir, tão fraco no resto. (…)»
2 comentários :
Dois bons(e fiéis) retratos "pintados" por Sérgio Sousa Pinto...
Quis dizer Sérgio Figueiredo...
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