segunda-feira, abril 13, 2015

«A maioria entrou em modo propaganda e já só fala para os fiéis»

• João Galamba, Aldrabices e propaganda:
    «Na última quinta-feira, no Parlamento, Ministra das Finanças um belo exemplo do que será o discurso económico da maioria até às eleições: um misto de Aldrabices e propaganda.

    Respondendo a críticas da oposição, e sob fortes aplausos das bancadas da maioria, a Ministra das Finanças defendeu que tudo estaria melhor se o Tribunal Constitucional não tivesse travado a estratégia do Governo de corte de salários e pensões, e concluiu a sua intervenção dizendo que a devolução (parcial) desses mesmos salários e dessas mesmas pensões eram a prova do sucesso da estratégia do Governo.

    Embalada por este momento de humor involuntário, e com o descaramento costumeiro, a Ministra das Finanças decide inventar uma realidade paralela sobre o emprego, e acusa o PS e toda a oposição de negar essa realidade (inventada). Nessa realidade, o emprego esteve a cair sistematicamente desde o início da década, só passou a crescer com este governo e, apesar das críticas da oposição, continua a recuperar de forma robusta. Não será o milagre de Pires de Lima, mas anda lá perto.

    Na realidade que é reportada pelo INE, o emprego cresceu desde 2005, só caiu com a crise financeira, e ainda assim menos do que em 2012, o pior ano em matéria de destruição de emprego; e não está a crescer, muito menos a crescer de forma robusta, uma vez que o emprego, mesmo corrigido de sazonalidade, cai há seis meses consecutivos. Nada disto é tido em conta pela maioria, que valoriza mais o seu discurso de campanha eleitoral do que a realidade, mesmo que o primeiro esteja em flagrante contradição com a segunda. Diga o INE o que disser, diga a oposição o que disser, a maioria decretou que o ajustamento foi um sucesso e é estrutural; decretou que as políticas do governo estão a dar frutos e são o que explica a fantástica retoma, que até tem sido revista em alta; decretou que o emprego cresce como há muito não se via; decretou que chegou o tempo do investimento; e decretou que o combate à pobreza, ao contrário do passado, tem sido muitíssimo eficaz e um belíssimo exemplo de ética social na austeridade.

    O facto de o crescimento ser metade do que o Governo anunciou quando assumiu funções e de ter uma composição que a maioria sempre considerou insustentável, implicando uma degradação de 30% da balança externa; o facto da revisão em alta do PIB ser totalmente explicada pela descida do preço do petróleo e pela descida dos juros, que levam a um aumento do consumo privado (mas, misteriosamente, não implicam um aumento das importações); o facto de se ter destruído cerca de 400 mil empregos, 60 mil nos últimos 6 meses; o facto de o investimento ter caído 30%, estando hoje a níveis pré-CEE, e não dar sinais de estar a arrancar, tendo sido mesmo revisto em baixa; o facto de os níveis de pobreza e desigualdade terem regredido uma década - tudo isto é olimpicamente ignorado pela maioria.

    A maioria entrou em modo propaganda e já só fala para os fiéis.»

5 comentários :

Júlio de Matos disse...


A guvernalha (não confundir com a Direita em geral...) entrou em modo propaganda desde a eleição do cavaco e nunca deixou de lá estar.


A guvernalha (nccDeg) só fala para os fiéis e arregimentados desde, pelo menos, o dia em que o gaspar bateu com a porta e ninguém o ouviu porque estava a dar ouvidos ao número "badaró" do irrevogável.


Onde é que João Galamba tem andado quando não está a falar daquilo que sabe?

Lascando disse...



Para os fiéis e... arregimentados, que começam já a ser muitas centenas, ou milhares, de garnizés e de peruas com as suas vidinhas resolvidas por muitos e (muuuito) bons.

Anónimo disse...

Que raio de foto é esta DR. Abrantes? então o Sr. agora passou a trabalhar para Miss Swaps? Selecciona foto fresca e retocada a perceito? a melhor de todas que já se viu, bem vestida e bem penteada! em vez da parola suburbana, com cabelo de rata de esgoto, cara medonha e fatiotas da rua dos fanqueiros? Ai que o Sr, virou o Spin Doctor da bruxa má!

Carlos Sério disse...

"o facto da revisão em alta do PIB ser totalmente explicada pela descida do preço do petróleo e pela descida dos juros"

Mas não será que isto: O INE afirma: “De acordo com as estimativas preliminares, as alterações metodológicas exclusivamente associadas ao SEC 2010 implicam um aumento médio de 2,4% no nível do PIB e ainda, “estima-se um impacto de redução do défice público, na ordem das 2 a 3 décimas de ponto percentual”.
Será que as alterações metodológicas introduzidas pelo SEC2010, com aplicação em 2015, são as responsáveis pelo tal crescimento que tanto se apregoa?

Anónimo disse...

O ar cínico desta mulher é qualquer coisa de tenebroso.