• Rafael Barbosa, Truques e aldrabices:
- «1. O ministro da Saúde não é um político dado a promessas. Tem até uma aura de antipolítico, que lhe confere certa popularidade. Não falta quem, mesmo entre os críticos mais acérrimos deste e de qualquer Governo, ao chegar a vez de sovar Paulo Macedo, faça uma espécie de parêntesis: "este não é tau mau como os outros". Ainda que o mesmo crítico remate, às vezes na mesma crónica ou no mesmo programa de televisão, que o Serviço Nacional de Saúde está moribundo. Paradoxos da política à portuguesa. Mas se o ministro da Saúde não é dado a promessas, fez pelo menos uma. E das grandes. Resolver o problema da falta de médicos de família até ao final da legislatura. Tem mais seis meses para a cumprir. E é verdade que tem dedicado alguma da sua energia a propor fórmulas para resolver o imbróglio político em que se meteu. Uma das medidas que prometia ser estatisticamente eficaz era a da limpeza das listas. Não funcionou. Segundo dados divulgados em fevereiro pela Administração Central do Sistema de Saúde, ainda há pelo menos 1,3 milhões de portugueses sem médico de família. Macedo não se embaraça e já tem outra fórmula mágica na manga. Se os utentes não desistem de estar na lista, alarga-se a lista. Até aqui, cada médico de família já fazia de conta que zelava pela saúde de 1900 pessoas. A partir de agora serão 2500. Não há dúvida de que, com este truque estatístico, o ministro conseguirá cumprir a promessa. Mas é duvidoso que alguém o continue a levar a sério.
- 2. Não há melhor negócio do que viver à sombra dos despojos do Estado. O caso ontem denunciado no JN é elucidativo: sete empresas que fornecem refeições a escolas e hospitais (entre outros serviços públicos) foram condenadas, pela Autoridade da Concorrência, ao pagamento de 14 milhões de euros de multa, por combinação de preços e outras tropelias. Com isso ganharam, de forma ilícita, um pouco mais de 172 milhões de euros. O que aconteceu entretanto? Pagaram a multa? Foram impedidas de fornecer instituições públicas? Nada disso. Relativamente à multa, prescreveu, depois do recurso às manobras dilatórias habituais junto dos tribunais. Quanto aos negócios com o Estado, e apesar de a lei prever a possibilidade de inibir empresas trampolineiras de fornecerem entidades públicas, seguem de vento em popa. De então para cá, já ganharam mais dois mil contratos públicos e qualquer coisa como 700 milhões de euros. É duvidoso que ainda se possa levar este país a sério.»
1 comentário :
Repito: não confio na justiça e, cada vez menos,neste governo...mentem descaradamente, protegem sempre os mesmos(familiares, amigos...) e quem paga, sempre,são os cidadãos com incidência nos de menores possibilidades...
O tal neoliberalismo enriquece e abençoa os mais poderosos...os mais fracos terão, quando muito, "O reino dos Céus"...Ridículo, mesmo!
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