quarta-feira, março 05, 2008

Ao deitar fora jornais velhos [1] - O programador de TV que bloqueou a democracia apanhado pelo Olho Vivo

A direita não se resigna a estar longe do poder. Antevendo que Menezes não vai lá, descobriu que há um “bloqueio da democracia”. Que, por coincidência, é o título da crónica de Eduardo Cintra Torres no Público de 1 de Março.

Diz este cronista — que se auto-intitula “Olho Vivo” — que a coisa está pela hora da morte. A contaminação é geral — do CDS-PP ao BE. E, para o demonstrar, discorre sobre um programa de televisão intitulado “Corredor do Poder”.

Estando representados os cinco maiores partidos parlamentares, o cronista descobriu que a televisão procura fazers passar os respectivos militantes por «comentadores “independentes”». É gato escondido com o rabo de fora: foi preciso que Eduardo chamasse a atenção para que os telespectadores se apercebessem de que Ana Drago tem uma vaga ligação ao BE ou de que Nuno Melo possa ter alguma simpatia pelo CDS-PP.

Vai daí, o cronista foi aos ficheiros analisar os curricula dos participantes no programa. Sobre Marcos Perestrelo, que representa o PS (omitindo as suas ligações perigosas comprometedoras, deduz-se), diz o impagável Eduardo:

    “(...) foi vice-presidente do grupo parlamentar e director-geral no Estado; foi colocado por Sócrates a controlar o aparelho do PS a partir do secretariado e a controlar António Costa como vice-presidente da Câmara de Lisboa; não me admiraria que a sua presença no programa da RTP fosse sugestão directa de Sócrates.”

É verdade que só se perdem as que caem no chão e Sócrates nem precisa de saber por que as leva. Em todo o caso, convém avisar o Eduardo de que os seus ficheiros contêm dados imprecisos, porque parece que Perestrelo se aproximou de António Costa quando ainda andava de bibe. Pelo menos, foi o que a imprensa divulgou aquando das eleições intercalares em Lisboa.

Mas que importância é que isso tem, se este pormenor é essencial para demonstrar que Sócrates mandou criar o programa para lançar para a ribalta o seu delfim [“intui-se que a relação de Perestrello com Sócrates e a de Marco A. Costa com Menezes está na base do programa: é a RTP como montra e exercício de habituação dos cidadãos aos que se pretende impor como comentadores "independentes" e como herdeiros dos actuais líderes.”]?

«Como comentadores "independentes" e [simultaneamente] como herdeiros dos actuais líderes»? É a verdadeira quadratura do círculo.

PS — Apanhando o jeito de Menezes para sugerir nomes para comentadores políticos de televisão, Eduardo Cintra Torres também avança com nomes (não se atrapalhando com a sua representatividade). Há disparates que pegam de estaca, mesmo nas elites que nos ajudam a compreender o mundo.

1 comentário :

Anónimo disse...

Mas alguem tem pachorra para aturar as palermices desse intelectual de meia tigela?
Só mesmo o CC.