- ‘Passos Coelho mantém-se firme como embaixador da troika em Portugal ao afirmar que o país não precisa de mais tempo nem de mais dinheiro para atingir os objetivos de consolidação da dívida. Ao mesmo tempo o seu valete das finanças garante que o ajustamento será um sucesso. E o Governo em uníssono afirma que isso acontecerá, custe o que custar.
Se é verdade que Portugal tem de ajustar os seus desequilíbrios macroeconómicos, o preço do ajustamento é uma variável chave. Ajustar em que ponto? Qual a quebra do Produto Interno Bruto que estamos dispostos a aceitar? Qual o desemprego que podemos e aceitamos suportar? Que percentagem do tecido produtivo podemos e queremos destruir? Que garantias temos de recuperação futura?
Os primeiros meses de execução do plano de ajustamento comprovam que o excesso de zelo do Governo português tem sido desastroso, agravando todos os indicadores económicos e sociais.
Um excesso de zelo, que embora nos mantenha no caminho do cumprimento financeiro do memorando, nos fez ir mais além no desemprego e na destruição de riqueza, estagnou a economia e nos isolou no plano europeu. Em resultado das escolhas feitas, temos hoje um país parado e um Governo isolado.
O Governo fez uma escolha ideológica legítima mas falhada. A realidade tem demonstrado que o Estado exíguo é uma má alternativa ao Estado eficiente e que na terra queimada pela austeridade cega não florescem novos negócios nem oportunidades.
Fez também uma escolha diplomática subserviente e arriscada. Não se juntou aos 12 governos da sua família política que exigiram um plano europeu para o crescimento. Preferiu ficar como aliado dileto de Merkel. Não percebeu que para o atual Governo alemão, Portugal é um aliado útil mas descartável quando conveniente.
O Partido Socialista e António José Seguro respeitam o acordo estabelecido com as instituições internacionais mas não se assumem como seus representantes. Antes pelo contrário, defendemos junto delas os interesses nacionais, de forma consistente e com sentido de responsabilidade.
Defendemos que a alteração do contexto internacional recomenda o alargamento do prazo para Portugal ajustar o défice, sugerimos formas de aumentar o potencial do sector bancário poder voltar a financiar as indústrias exportadoras e que substituem importações, propusemos uma despesa fiscal inteligente criadora de emprego e mostrámos como isso é compatível com os compromissos estabelecidos.
O Partido Socialista é hoje o grande defensor dos interesses nacionais (e de uma outra visão de Europa) junto da troika. Falar com a troika e com Passos Coelho só não é a mesma coisa porque o segundo é mais radical e inflexível nas políticas de flagelação das empresas e das famílias portuguesas.
A troika faz com qualidade e profissionalismo o seu papel. Como consultores de alto nível precisavam de encontrar um governo forte, com visão estratégica e ideias claras sobre as opções a tomar. Não encontraram. Temos um Governo desistente, sem rumo, apenas ancorado numa fé ideológica cada vez menos compatível com a realidade.
Compete ao PS denunciar e compensar com a sua legitimidade relativa as insuficiências de quem nos governa. Cumprimos a nossa missão mas o Governo não cumpriu a sua. Portugal precisa de um primeiro-ministro. A troika não.’
2 comentários :
Zorrinho é um dos responsaveis pela bancarrota e subsequente austeridade que estamos a viver, fez parte do governo que negociou e assinou o memorando com a troika, escrever parvoices como as que este post cita, atesta bem o que vai pelo PS nos dias que correm: renegam o que negociaram e assinaram, e passam os dias a criticar os que se vêm obrigados a limpar a merda que eles fizeram.
E ainda não perceberam que o Tozé é o Seguro (de vida) do Passos Coelho: artiguinhos como o do Zorrinho, e declarações como o Tozé anda a fazer pelo país, são musica celestial para os ouvidos do PSD e do CDS.
Alexandre Carvalho da Silveira , tens olho...só é pena é que seja vesgo.Quando caires na realidade manda bilhete, tá?
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