- ‘Fui dos poucos socialistas que não concordaram com a ideia do regresso de Sócrates, de quem aliás sou amigo, desde que o conheci melhor, quando já era primeiro-ministro. Mas sempre disse aquilo que pensava politicamente, de forma independente em relação às amizades. E como os portugueses sabem não tenho papas na língua...
Mas, quando me engano, reconheço o erro e dou, como se diz, o braço a torcer, sem dificuldade.
Vem isto a propósito do regresso de Sócrates. Convivi diariamente com ele nos dias finais do seu mandato. Ouvi o discurso anti-Sócrates que o Presidente Cavaco Silva fez na Assembleia da República. Fiquei indignado. Saí sem ir ao habitual beija-mão, e como não vi Sócrates, pedi a Almeida Santos para lhe transmitir (a Sócrates) que devia demitir-se naquele mesmo dia.
Não o fez e foi pena. Ficou no seu posto — porque é um patriota — até ao dia em que lhe tiraram o tapete com o chumbo do PEC4 e o forçaram a pedir ajuda externa. Discuti com ele nesse dia nefasto mas não fui eu que o dissuadi de se demitir. Resistiu quanto pôde, não por interesse próprio, mas porque era contra a vinda da troika, como a chancelerina Merkel lhe chegara a prometer.’
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