- - Considera aceitáveis as alterações à CES que o Governo agora propôs em alternativa?
- Com esta alteração o Governo está a tentar fazer passar a ideia de que também os pensionistas deveriam ser incluídos no esforço de consolidação das contas públicas, como se não estivessem. É difícil encontrar um grupo social em Portugal que tenha sido atingido de forma mais significativa. Esta política está a gerar uma degradação, com uma dureza e uma intensidade que nunca existiu no nosso país, das condições de vida num sector com menos capacidade de adaptação.
- Neste momento, há mais prestações a pagar, mais desemprego e menos pessoas a contribuir. Não é preciso pedir a quem já está a receber pensões que também contribua para a sustentabilidade, como defende o Governo?
- Há um esforço por parte do Governo e dos seus apoiantes para reforçar a ideia de que a raiz do problema está nas pensões. As questões da sustentabilidade do sistema de pensões não são muito diferentes da sustentabilidade do sistema de saúde, de educação, de segurança. O que acontece, em particular com o sistema de pensões, tem a ver com o facto de hoje termos uma economia que está a produzir aos níveis de há dez anos. Ora é difícil uma economia a produzir, criar riqueza e a gerar emprego ao nível de há dez anos responder às necessidades de hoje. Depois temos as questões demográficas: a natalidade decresceu e, com consequências mais imediatas, temos a emigração. Não creio que exista nenhuma solução para os problemas agudizados por este recuo histórico que não passe pelo crescimento económico. Sem que se volte a criar riqueza e emprego, dificilmente nos poderemos aproximar do reequilíbrio das contas da Segurança Social. Claro que isso não acontece num estalar de dedos.
- Ao cortar nas pensões não se está também a comprometer o relançamento da economia?
- Poucas medidas têm uma natureza tão recessiva como o corte das pensões. Não apenas porque muitos dos pensionistas têm uma elevada propensão ao consumo, como, num quadro de desagregação do nosso potencial produtivo, as pensões compensam os rendimentos que se perdem no mercado de trabalho. Se insistirmos em encontrar aí uma receita fácil, estamos a agravar o problema da economia. Não há aqui um milagre de alternativas. O esforço que está a ser feito pelos empresários e pelos trabalhadores e por todos os que se mobilizam para explorar as oportunidades dos mercados externos tem limitações.
- Mas entre o momento em que estamos e o momento em que a economia volte a crescer, é necessário fazer ajustamentos no sistema de pensões?
- A medida do aumento da idade da reforma para os 66 anos, tal como foi tomada, é uma medida puramente orçamental de curto prazo. Em 2006, mudou -se estruturalmente algumas componentes do sistema e criou -se o factor de sustentabilidade a partir daí. Não nego que este aumento da idade da reforma possa ter estruturalmente um efeito positivo do ponto de vista financeiro. Mas o que se procurou foi não pagar pensões novas em 2014. Houve uma espécie de despacho: não se pagam pensões novas em 2014 e para isso mexe-se no factor de sustentabilidade e impede-se as pessoas de saírem, suportando o custo do aumento da idade da reforma. Tudo isto é feito com uma enorme precipitação. Esta medida acrescenta pouco e os custos em termos de credibilidade e de credibilização do sistema serão maiores do que os ganhos.
- Crê que há uma estratégia por parte do Governo de descredibilizar o sistema?
- Não sei se é estratégia ou incompetência. Que o têm conseguido têm.
- Fala-se muito que o sistema é pouco equitativo. É verdade?
- Muito se diz sobre o nosso sistema de pensões. A ideia de que as pessoas contribuíram, com as regras que o Estado fixou, para a sua pensão é uma ideia elementar, certa e correcta. Há aqui um contrato, as pessoas contribuíram com o que o Estado lhes pediu e estavam a receber aquilo que o Estado definiu. Essa é uma ideia absolutamente essencial. Se há mérito no acórdão do TC [que chumbou o corte de 10% nas pensões acima de 600 euros em pagamento] é ter tomado uma decisão com base no princípio da confiança. O TC fez mais pela defesa do Estado de direito com aquela decisão do que muitas declarações nesse sentido. A defesa do valor das pensões, já depois de terem sido sujeitas a uma forte pressão fiscal, deveria ser um aspecto central na condução da política portuguesa neste processo de ajustamento. Devia ser uma trincheira pelo seu valor civilizacional, mas também pelo seu impacto económico. Quando cortamos as pensões, estamos a abdicar de toda a ambição de contribuir para uma sociedade equilibrada. Tem sido demasiado fácil a tentação de utilizar aquela despesa.
- Reconhece que é preciso repensar estruturalmente o sistema ou ele é adequado e temos de resolver o problema de outra forma?
- Não creio que seja razoável ou viável pensar em grandes mudanças estruturais num momento em que temos necessidades de emergência. A única coisa de que se houve falar é do plafonamento. As pessoas deviam pensar porque é que, estando o plafonamento há tantos anos na agenda política, ele nunca foi concretizado. Uma reforma dessa natureza não pode ser feita sem um consenso mais alargado. Duvido que haja condições políticas para isso e não há condições financeiras para reduzir as receitas da Segurança Social.
8 comentários :
Muito bem, Vieira da Silva. Mas quem ouve esta sensatez em época de radicalismos extremistas?
Repôr a sensatez na vida portuguesa, com eficácia e sensatez, tem de ser a prioridade de todos os Cidadãos honrados, com visão estratégica e vontade de sanear Portugal.
Mas isso pode, por sua vez, ter de passar por uma fase de extremo contra-radicalismo - e temos todos de estar preparados para o dia em que essa enxurrada purificadora for, finalmente, despoletada.
Então e agora, o que vão dizer?
Agora, que os vossos patéticos "argumentos" foram esmagados pela realidade?
Os indicadores estão aí, à prova de demagogia. São números objectivos, tudo está a melhorar, a economia a crescer, o desemprego a caír, bem como o défice e a dívida pública.
Resultados positivos, à prova de esquerda!
Afinal, o sacrifício resulta!!!~
Passos Coelho salvou o País, retirou-o do atoleiro em que o PS o colocou.
Os outros gastaram, geriram mal, não pensaram no futuro, tiveram de se humilhar e pedir ajuda.
Passos Coelho recebeu um país falido, mas, patrióticamente e com muito sacrifício, assumiu as rédeas, honrou os compromissos assumidos pelo anterior governo, e salvou o país.
Aí estão os resultados: com o fim do regabofe, o país entrou nos eixos. Cortar, cortar, cortar, naquilo que é supérfluo. Investir no que vale a pena. Reajustar a nossa economia àquilo que podemos cumprir, dentro das nossas possibilidades. A isso chama-se honra, competência e amor à pátria!
Acabou o regabofe, Portugal entrou nos eixos.
Em 2019, Passos Coelho vai entregar o poder a quem se seguir, mas vai deixar um país económicamente sustentável, honrado e organizado.
Esta salvação histórica ainda não está, no entanto, completa.
Aqui está aprova indesmentível de que a esquerda esbanja e não sabe gerir, tendo de vir a direita pôr as contas em ordem.
Sempre foi assim...
Mas faz falta mais sacrifício, para que o saneamento se torne estrutural.
PASSOS COELHO: puxa por nós. Mais ainda! VAMOS, TODOS, SALVAR PORTUGAL!!!!!!!!
O regabofe não acabou. O regabofe começou com a direita. A direita só está a salvar os seus interesses. É só corrupção. O Gaspar trocou o país por um lugar no FMI. O Asnôt, vendeu/trocou ativos estratégicos por um lugar num banco. Os boys nunca foram tantos, basta ver o DR.
A emigração disparou, por isso o desemprego parece diminuir.
Fazer pior era impossível.
Aquele texto do anónimo é mesmo divertido. Já chegaram as novas linhas mestre da narrativa das arrastadeiras.
Para o anônimo das 11h25 tenho a dizer-lhe que com cortes cegos e sempre nos mesmos é muito fácil, o dificil está em reestruturar pensando nos mais desfavorecidos. E estou farta de garotada a desgovernar Portugal.
Por mim já há muito que deviam ter emigrado e não os jovens qualificados que vemos partir e que não mais vão regressar.
«Em 2019 Passos Coelho vai entregar o Poder», haaaaaaaaaaahahahahahahahaha...
Cada vez mais, o PS e os boys Vierias da Silva e outros, bem como alguns ovelhas tresmalhadas da direita estilo Bagão OU Ferreira leite, vão afundando na cadeira. Notícias de hoje? Deficit abaixo do previsto quando há meses esta gente dizia que era impossível chegar ao deficit de 5%; cresciento da economia no ultimo trismestre, saldo excedentário nas contas externas pelo 2º trimestre consecutivo. Ah tudo isto devido à aprovação do PEC IV. Exactamente, A salvação estava aí e viu-se. Afinal Gaspar tinha mais que razão que em 2013/2014 o País ia definitivamente dar a volta. Agora falta fazer o trabalho de explicar que se não queremos o trabalho estragado em pouco tempo, é não eleger o PS novamente, porque a ver as declarações lamentáveis do PS percebe-se que o seu rumo é o da gastadeira.
E vocês a dar-lhe! Ainda não perceberam que vir para aqui dizer que há uma recuperação em curso é o mesmo que votar à inépcia todos aqueles que se encarregam de vir aqui diáriamente destilar veneno.
Faz lembrar a história da pinocada 'à rodeo'.
hehehehehehehehehehehehehe
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